UMA CARTA, MAIS UMA

Se você quer saber (e sei que não quer pois é esperta de mais e já tirou as suas conclusões) eu não estou bem.
Não estou bem, porque ontem tive uma revelação, ontem depois de tantos anos finalmente abri meus olhos e vi o que você significa para mim a partir das suas próprias atitudes.
Ontem você como sempre me ofendeu gratuitamente e logo depois apagou o que tinha escrito por falta de coragem de assumir os seus atos.
Ontem você falou que tem vergonha de mim e que sua família não está acostumada com esse tipo de situações que eu causo.
Ontem você tentou, como sempre foi feito, colocar outras pessoas no meio (mesmo depois dos cinco anos eu não acreditando mais nisso), para tentar ter argumentos para me desestabilizar e me entristecer.
Você, como sempre me acusou de suas próprias fraquezas e eu, que sempre tive uma visão nublada sobre mim mesma em relação a nós, fiquei por algum tempo me sentindo culpada pelas coisas que você fez e colocou na minha conta.
Mas ontem eu percebi, ontem a névoa se desfez e eu pude depois de mais de 30 anos, ver o que você significa para mim.
Você nada mais é do que uma pessoa má e frágil, que precisa ofender o outro para se sentir bem.
Você é invejosa, rancorosa e ignorante, você não consegue ver que eu sou diferente de você e mesmo assim me respeitar como te respeito. Você só consegue ver que quando eu estou feliz, você deve acabar com isso, você só quer dizer sempre e a todo o tempo, o quanto as minhas conquistas são insignificantes, simplesmente porque você é tão pequena para você mesma que tenta se sobrepor aos outros.
Infelizmente eu tive que lidar com pessoas como você a minha vida inteira, nunca fui privada disso, você é como a maioria, egoísta, e realmente a sua família não deve estar acostumada a conhecer pessoas como eu, mas é muito triste priva-los disso, mas hoje eu também entendo o porque.
Você me acusa de não me controlar, mas você nem sabe o quanto me controlo, simplesmente para não me igualar a você, por que eu sempre tive horror a acharem qualquer semelhança, mesmo que fosse física, eu nunca quis parecer com você, nem com ninguém, eu sempre quis ser eu, com todo orgulho de ser eu.
Desde pequena eu sempre me baseei na minha própria opinião e em coisas estudadas, nunca me baseei em achismos ou opinião de maioria.
Eu quis durante muito tempo ser agradável aos seus olhos, por ainda acreditar que nosso laço de sangue de alguma forma falaria mais alto, mas eu nunca consegui e achava que a culpa era minha, mas você me mostrou que não importa o que eu faça, você nunca estará satisfeita pois o seu problema sou eu, assim, sem embasamento nenhum, sem nem ao menos me conhecer, o seu problema sou eu.
Hoje mais do que nunca me sinto livre.
Livre porque eu escolhi ficar do lado dos meus pais quando eles precisavam de mim (porque isso é uma escolha).
Livre para ficar ao lado deles e falar da vida, bobagens, sem ir muito profundamente, porque o que eu quero mesmo é vê-los profundamente e não egoisticamente só falar sobre mim.
Livre para não falar de certos assuntos com eles, porque sempre soube que eu sou o fruto que caiu longe da arvore, e brigar, porque nós continuamos brigando simplesmente porque convivemos.
Livre para ser feliz do meu jeito, nos momentos que eu acredito que sejam de felicidade.
Livre para ser quem eu sou, e agradar a quem eu quero, não aceitar intolerância de nenhuma espécie, machismos de nenhuma espécie, e agressões de nenhuma espécie.
Hoje eu sei quem são os caros para mim.
Hoje eu sei que você ainda me atinge com sua falta de amor, com seu ódio, sua inveja e seu rancor, mas como já te falei, cada um só dá o que tem e eu tenho que parar de acreditar que você tem algo além disso para me dar.
E depois de escutar de você que eu nunca te atingi e em resposta pedir para tomar cuidado comigo porque você me atingia e eu realmente me entristecia com as coisas que você falava e você jamais respeitar, vejo que alguém de alguma forma mediúnica soube quem você seria assim que você nasceu.
E parafraseando a nossa avó “Trate essa menina porque hoje ela é um bichinho, mas um dia ela se tornará um monsto.”