quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Tentativas Frustradas

As coisas acontecem comigo como acontecem com todos. Doença na família, brigas, falta de grana, problema no trabalho, no relacionamento, com amigos e o principal, problemas comigo mesma. Pois bem, esses dias estava pensando que eu não vou a fundo, em nada, só em alguéns de vez em quando. Quando me interessa. No geral me sinto um total fracasso. Uma certa vez quando uma destas merdas estratosféricas acontecem pensei: Beberei para esquecer!!! E bebi, durante dias e meses, porém, todos os dias odiava beber tanto, depois de uma certa idade o meu corpo não absorve mais tão bem certas quantidades de álcool, logo.... o meu problema se tornou outro e fracassei na tentativa de ser alcoólatra. Em um outro momento, outra merda acontecida, corpo fraco, choro constante pensei: agora é hora de sofrer, sofrer até cansar de sofrer, sofrer para ver até onde eu era capaz de ir nesse sofrimento, mas ai eu tive que ir à um curso, e ele foi bem interessante, ai eu esqueci, esqueci de estar sofrendo e fracassei mais uma vez, fracassei em ser sofrida. Claro que minha vida é uma merda como a da maioria das pessoas, mal tenho tempo de viver a minha existência, porém me distraio, e as coisas perdem a importância, as pessoas perdem a importância, as doenças perdem o peso os términos viram inícios e a minha sofreguidão diária se torna apenas momento de pensar em mim, e me olhar a fundo, e ver como dentro é feio e ver também como é lindo, e modéstia à parte eu sou linda pacas desse ângulo, e as coisas continuam e eu continuo fracassada, esquecida, distraída e feliz.

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

A MINHA E SÓ MINHA CABEÇA BARULHENTA



Ô cabeça barulhenta, só nós duas sabemos o quanto já brigamos.
O quanto não nos entendemos.
O quanto é difícil negociar com você e neste quesito, eu não fico para trás.
Sabe cabeça barulhenta, quantas vezes reclamei de você,
Quantas vezes quis que você fosse uma cabeça normal, dessas que ficam com os olhos grudados no celular,
Ou dessas que acha que mudar muito de ideia, mudar muito de opinião, ou seja, mudar, é chato.
Como seria bom, em meus passados dias, que você se sentisse mais confiante, como as outras cabeças. Que com esse monte de coisas, você em algum momento pensasse em algo que presta, e visse que presta. Porque presta, ouviu?!?! Não tudo, boa parte é merda, mas tem coisas boas aí.
Essa cabeça rodada, quantas vezes quis silenciar, com remédios ou filmes, ou exercícios, ou livros, musica.... ahhh a música.... mas tudo é pilha, engrenagem, o conjunto todo se complica.
Tentei beber, quem sabe assim ajudaria a te tornar um pudim. Te silenciaria, quem sabe falaria com a certeza dos alcoolizados, escolheria um “lado”. Porque este também é um problema que você me causa. Mas também fracassei nessa tentativa. Meu corpo depois de uma idade não absorvia mais tão bem e logo acabei tendo outro problema.
Esses dias estava pensando em você, cabeça barulhenta, o quanto você me cansa. Me cansa de fato, porque muitas vezes caio de sono, mas nem assim você dá trégua, vem em meus sonhos me atormentar, pedir para levantar e escrever, e lembrar.... ai cabeça barulhenta, nossa relação está bem desgastada.
Porém, hoje, em mais uma de minhas observações corriqueiras pensei em você, e o peso que você me traz, e quanto eu preferia em alguns momentos simplesmente olhar o mar e babar, mas, como ficariam os caranguejos e suas lutas? E o porquê de estarmos ali? E o significado deste vento que bate em meu braço direito? Seria ele cosa da cabeça barulhenta ou será que vem chuva?
Pois é cabeça barulhenta, hoje percebi que te devo desculpas por tentar te calar, e dizer que gostaria de ter um botão, mas que ele dificilmente seria apertado, porque só eu sei o quanto é difícil ter você em minha vida, mas também só eu sei e saberei a delícia que é compartilhar meus dias com você.
Obrigada por mais este momento.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

"Ele olha agradecido para trás — agradecido a suas andanças, a sua dureza e alienação de si, a seus olhares distantes e vôos de pássaro em frias alturas. Como foi bom não ter ficado "em casa", "sob seu teto", como um delicado e embotado inútil! Ele estava fora de si: não há dúvida. Somente agora vê a si mesmo — e que surpresas não encontra! Que arrepios inusitados! Que felicidade mesmo no cansaço..."



"Foi pelo fato de termos, durante milhares de anos, olhado o mundo com exigências morais, estéticas, religiosas, com cega inclinação, paixão ou medo, e termos nos regalado nos maus hábitos do pensamento ilógico, que este mundo gradualmente se tornou assim estranhamente variegado, terrível, profundo de significado, cheio de alma, adquirindo cores — mas nós fomos os coloristas: o intelecto humano fez aparecer o fenômeno 13 e introduziu nas coisas as suas errôneas concepções fundamentais. Tarde, bem tarde — ele cai em si: agora o mundo da experiência e a coisa em si lhe parecem tão extraordinariamente distintos e separados, que ele rejeita a conclusão sobre esta a partir daquele — ou, de maneira terrivelmente misteriosa, exorta à renúncia de nosso intelecto, de nossa vontade pessoal: de modo a alcançar o essencial tornando-se essencial.
Outros, ainda, recolheram todos os traços característicos de nosso mundo do fenômeno — isto é, da representação do mundo tecida com erros intelectuais e por nós herdada — e, em vez de apontar o intelecto como culpado, responsabilizaram a essência das coisas como causa desse inquietante caráter efetivo do mundo, e pregaram a libertação do ser. — Todas essas concepções serão decisivamente afastadas pelo constante e laborioso processo da ciência, que enfim celebrará seu maior triunfo numa história da gênese do pensamento, que poderia talvez resultar na seguinte afirmação: o que agora chamamos de mundo é o resultado de muitos erros e fantasias que surgiram gradualmente na evolução total dos seres orgânicos e cresceram entremeados, e que agora herdamos como o tesouro acumulado do passado — como tesouro: pois o valor de nossa humanidade nele reside. Desse mundo da representação, somente em pequena medida a ciência rigorosa pode nos libertar — algo que também não seria desejável —, desde que é incapaz de romper de modo essencial o domínio de hábitos ancestrais de sentimento; mas pode, de maneira bastante lenta e gradual, iluminar a história da gênese desse mundo como representação — e, ao menos por instantes, nos elevar acima de todo o evento. Talvez reconheçamos então que a coisa em si é digna de uma gargalhada homérica: que ela parecia ser tanto, até mesmo tudo, e na realidade está vazia, vazia de significado."

"Ninguém é responsável por suas ações, ninguém responde por seu ser; julgar significa ser injusto. Isso também vale para quando o indivíduo julga a si mesmo. Essa tese é clara como a luz do sol; no entanto, todos preferem retornar à sombra e à inverdade: por medo das conseqüências."