terça-feira, 7 de janeiro de 2014

OS AMORES SOCIALMENTE IMPOSTOS

Desde pequena me senti diferente, mas, diferente no sentido ruim da coisa, sendo que, quando se é pequena e jovem tudo que você não quer ser é diferente. 
No inicio foi uma coisa que tentei lutar contra, mas com o passar dos anos e com o amadurecimento e o nada a provar para ninguém, aos poucos fui assumindo a minha falta de amor. 
As pessoas sempre se assustam ou acham que é piada quando alguém diz não gostar de ter contato com a natureza. 
Sempre me perguntei por que ficar 30 dias em um mesmo lugar, fazendo a mesma coisa, que no meu caso ainda piora por ter a pele cor de rosa e sardenta, tentando ser algo que não sou e nunca serei (bronzeada) para chegar no escritório, faculdade ou em uma roda de amigos e mostrar o tanto que se aproveitou as férias, já que há muito tempo descobri que as pessoas medem o seu aproveitamento a partir da quantidade de melanina que seu corpo produziu para fazer aquela mágica marca de biquini tão desejada. 
E irmãos, mães, avós, cachorros dos parentes ou crianças dos mesmos, porque DEVEMOS amá-los. 
Poxa, eu sempre achei que amor é um sentimento otário, aquele que vai muito além do que você gostaria que fosse descontrolado e desgovernado, muitas vezes indo pra lados não previstos e em uma velocidade muito além do que é permitido, mas, alguns amores são amadurecidos, apurados e muitas vezes quando tiramos esse amor da devida conserva, o gosto muitas vezes não é o esperado. 
Muito pior do que não gostar da natureza é não ter ou manter vinculo algum com alguém do seu núcleo familiar. 
É sua obrigação gostar dos seus ascendentes e descendentes ou colaterais, mesmo que os mesmos sejam facilmente substituídos por algum amigo, daqueles do “tamojunto”. 
Mas, calma-lá, obrigatoriedade e amor são palavras tão distintas que jamais deveriam caminhar juntas, mas caminham e junto a essa caminhada vem a culpa, a culpa por não fazer o que é socialmente aceitável, ou melhor, exigido. 
Então por ter a obrigação de amar certas pessoas tenho que passar por cima de mim e me sentir culpada todas as vezes que penso: eu não gostaria que você morresse só queria que desaparecesse. 
Pois é, e por admitir minhas esquisitices eu estou aqui para dizer que não importa quem você ama se é seu amigo ou sua mãe ou se é seu amigo e sua mãe, o amor é seu e só terá um pouco dele quem se fizer merecedor. 
 E mais, declaro para os devidos fins que sou uma pessoa que sofre de falta de amor socialmente imposto, mas admito que as vezes a saudade dá o tempero.