segunda-feira, 22 de junho de 2015

VIVENDO O MITO (MODERNO) DA CAVERNA.


Você dorme mal, vive mal, sente mal.
Você acorda de manhã e pega um transporte público imundo e lotado, já que as pessoas ainda acreditam que carro é sinônimo de status social, continuam achando que ciclovia é coisa pra Europeu e que aqui uma coisa dessas nunca funcionaria.
É, sinto muito por isso, mas talvez nunca funcione mesmo, já que para funcionar teríamos que primeiramente respeitar o pedestre, manja aquela parada de carona solidária? Pois é, isso poderia ajudar muito o transito, ao invés de ficar 3 hrs em um transito infernal sozinho no carro, poderíamos compartilhar, mas compartilhar é algo que não existe em nosso vocabulário, já que só os meus interesses são os que realmente contam e quando se cobra algo, apenas repetimos a voz da burguesia, da televisão, dos sites que não informam, apenas ludibriam, são tendenciosos e mentirosos. Não entendemos que mais faixas de ônibus, e menos investimento em transporte individual, mais ônibus, mais escolas, mais oportunidades, menos cadeias, mais educação, uma melhor formação não depende apenas do governo federal, mas isso tudo é educação, coisa que não cobramos e que não se investe absolutamente nada, já que pessoas educadas questionam e não se tem interesse em questionadores.
Você chega para trabalhar as suas 9:30hrs, ganha um salário que mal dá para pagar suas contas, ou melhor, dá apenas para paga-las, vive a base de tarja preta e terapia, sempre com medo de seguir o caminho, de andar no escuro, no metrô, de madrugada, no barzinho, de pagar a conta, de ser enganado, trapaceado, que alguém fure fila, que seu cartão seja clonado, ser atropelado, comprar algo que já vem quebrado... entre outras.
Você vive escutando besteira, ignorâncias, pré-conceitos, idiotices de todos os gêneros, simplesmente porque as pessoas estão mais preocupadas em cuidar da vida do outro do que de fato fazer a porra da engrenagem girar, como já disse e repito, as pessoas sabem todas as soluções dos problemas na casa dos outros, mas ninguém olha pra sua própria casa.
A culpa é do outro, a ignorância é latente.
A vida já é complicada demais com nossos monstros, pesadelos, dramas para perdermos todo nosso tempo de raciocínio (para quem sabe nos tornarmos pessoas melhores) com “que caminho tomarei para não sofrer nenhuma avaria”.
A vida é curta demais para perder tanto tempo tentando explicar para as pessoas que elas devem obedecer algumas regras de convívio social, elas não devem parar na porta do transporte público, devem esperar a saída dos passageiros para depois embarcar, devem respeitar o pedestre, o banco de idosos, a fila em qualquer circunstância, parar de tentar tirar vantagem das pessoas, das suas inocências, tratar bem seus subordinados e seus superiores... respeito... não levar para o lado pessoal, acreditar que críticas e cobranças podem ser algo importante, mas também podem não ser (tentar diferenciar), respeite seus filhos para que um dia ocorra o contrário, não jogar lixo no chão, respeitar a natureza, pare de julgar como o outro vive ou resolve seus problemas particulares ou o que faz com seus órgãos sexuais... chega... já deu.
Não dá mais. Até onde iremos até percebermos que somos iguais e desejamos as mesmas coisas? Até quando vamos nessa pegada de o que é importante pra mim é mais importante do que é importante para você? Até quando?
Até quando ficaremos olhando as sombras na parede? Até quando seremos prisioneiros em nossas cavernas? Até quando julgaremos louco o que olhou além das sombras?
E, enquanto isso, eu continuo tentando sobreviver, com meu tarja preta, meu mundo cada vez menor e meus monstros cada vez maiores.

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