segunda-feira, 21 de março de 2016

Para ele ler quando puder, e der...


Sabe, hoje a tia acordou pensando em tudo que anda acontecendo e tudo que ela gostaria de te falar, mas que não tem possibilidades
Primeiro, gostaria que você soubesse que é uma dor muito grande eu não te conhecer muito bem e apenas me nortear pelo que os outros dizem sobre você.
Eu nunca gostei de ter opinião sobre nada me baseando na ideia dos outros, sempre gostei de olhar, apalpar, conhecer e só depois a partir do que senti, poder dizer que conheço.
Estou querendo muito que você venha, queria muito também poder estar com você por algum tempo, para podermos nos conhecer. Eu com minha dificuldade com criança que você logo perceberá, mas quem sabe, mesmo assim podemos nos aproximar.
Ontem ao me dizer que na minha casa você entraria com um cartaz escrito FORA DILMA, me preocupei um pouco, a minha resposta imediata para você, foi que sou a favor da democracia e isso não entraria na minha casa (eu e minha dificuldade com criança).
Você tem apenas 8 anos e nem sabe o que é democracia, mora em outro país, com outra cultura, e achei que de alguma forma eu te devia uma explicação sobre o que eu queria dizer.
Dentre todas as coisas, eu queria te dizer que na minha casa eu tento preservar o amor, independente de qualquer coisa e opinião, isso quer dizer que na minha casa todos são bem vindos, simplesmente porque o respeito está acima de tudo, e só os que não são bem vindos são aqueles que depois de muito esforço conseguem demonstrar que não sabem lidar com amor e respeito.
Dentro da minha casa temos um cachorro, o Chico, que você já conhece, ele é uma gracinha e é o resumo do que tentamos trazer para as pessoas que gostamos. Abanamos o rabo, recebemos bem, lambemos bastante, fazemos festinha, adoramos receber visitas e será assim que você será recebido.
Não falaremos de ódio, não xingaremos quem não conhecemos porque uma coisa que pregamos também é o não julgamento. Deixamos isso para o tempo ou a justiça.
Logo você virará um adulto (infelizmente) e poderá tirar suas próprias conclusões, por enquanto tentarei preservar a ingenuidade própria da sua idade.
E principalmente e mais do que qualquer outra coisa, estou te esperando, com muito amor e cheia de coisas que quero aprender e te mostrar da nossa terra maravilhosa do lado de cá, será uma experiência inesquecível para mim e espero que para você também.

Com muito amor XXXXXX

Sua Tia Debby

quinta-feira, 17 de março de 2016

Estou com muito medo....
Lembro desde pequena que me sentia diferente, adorava discutir ideias, mas as pessoas logo perdiam a paciência e partiam para a ignorância.
Eles queriam que eu pensasse, agisse e me comportasse como eles, (brincasse de lutinha e eu gostava mesmo era de lutar com as palavras), porém sempre quis simplesmente ser igual, mas eu nunca consegui, e até hoje sofro com isso.
Por essas e outras o cenário atual Brasileiro me faz voltar a minha infância, onde ou você pensava igual ou você é duramente criticado e sofre punições seríssimas.
Mas eu não sou mais criança e as palmadas não me amedrontam mais. (ou não deveriam).

quarta-feira, 16 de março de 2016

Eu apenas não entrarei nessa barbárie.
Não apenas porque acho que as pessoas estão perdendo o discernimento, estão alienadas e defendendo ideologias absurdas, mas sim e principalmente porque nunca fui muito fã de perder tempo.
Não perco meu tempo com gente que odeia.
Odeia gays, mulheres, negros, índios, pobres, nordestinos, partidos, tatuados, cotas, de esquerda, de direita, do candomblé....
Que julga por um comentário, que não olha para o lado, que nunca tirou o cabresto.
Eu pouco odeio, mas uma coisa que realmente odeio é não entender.
Não entender como? Porque? O que se passa? 
Queimo meus neurônios, fico horas discutindo e escutando explicações, mas não entendo.
Não entendo a defesa do indefensável e a luta por algo que já está instituído. (Isso nós já temos, e vocês lutam com qual objetivo?)
A mudança para mim teria que vir com uma proposta de mudança.
Uma luta contra a corrupção política, mas a favor da corrupção moral.(???)
Uma luta contra o “vá para rua e compre” e manter a cabeça resignada dos que isso merecem. E fiquem satisfeitos, não lutem, não se recintam, não mudem continuem a dominação.
Isso nós já temos e independe de time, ups, partido.
Como participar de algo onde toda diferença de pensamento é sempre uma ameaça em que o culpado é sempre o outro com suas opiniões contrárias (só quero ouvir aquilo que eu já concordo, se for diferente eu não quero.) 
O problema está no abandono dos instrumentos comunicacionais. A partir do momento em que há divergência de ideias as pessoas se tornam inimigas, agressivas e violentas.
A intersubjetividade onde o sujeito sou apenas eu e os outros apenas objeto, sendo que, o objeto só se torna sujeito a partir do momento em que nos relacionamos com o mesmo, que exista o conhecimento do mesmo. Mas como pode ocorrer o conhecimento do outro se a violência da diferença vem antes do conhecimento?
A balança, o moto continuo.... menos emoção, mais razão
Não, eu não participarei dessa barbárie.